“O mapa não é o território.”
Alfred Korzybski

Eu sou uma autodidata! Não busquem cursos de arte, letras ou música em meu currículo, não esperem um currículo com esta formação. Eu sou formada em Administração de Empresas e trabalho nessa área.

Houve um tempo em que achava estranha essa capacidade de ir e vir através de mundos tão distintos. Isso gerava uma pressão e cobrança interior, por achar que deveria haver uma "coerência" entre aquilo para o que nasci e a forma como ganhava dinheiro. Hoje já não acredito mais que as coisas tenham que ser assim. Nadar contra a corrente dispende uma energia necessária à criação; sobreviver também é necessário e nem sempre se consegue conciliar vontade e necessidade. Como boa capricorniana, tenho os pés plantados no chão e sei que é privilégio de muito poucos viver de sua arte, não é?

O fato é que meu envolvimento com a arte nunca foi motivado por necessidade de fama. Óbvio é que, se eu puder ganhar a vida dessa forma, estarei completamente realizada! Mas isto não é minha principal motivação. O que me move é a busca pela essência da coisas.A necessidade de expressar como entendo essa essência. A minha cabeça é mais como um periscópio e é lá, acima da “água”, que vou capturando as imagens, os poemas, a música. Isso sim é o mais importante. Isso é o que faz a arte tão essencial em minha vida.

Eu sempre busquei qualquer manifestação artística para expressar o meu mundo interior. Passei pela música, pela literatura (escrevi livros, tendo até uma publicação) e agora estou fascinada pela forma e pelas cores. Nesse universo, descobri que posso fazer inúmeras experimentações; posso mostrar as imagens que trago comigo. Posso materializar meus sonhos. Não, escritores, eu não abandonei a literatura! Roqueiros de plantão, eu ainda estou na ativa… Adoro cantar e canto sempre que posso [ou não posso]; também escrevo com certa regularidade; mas, agora, minha mesa divide canções e poemas com revistas, tintas e pincéis e meu computador está tendo um caso sério com o scanner e a câmera digital.

Meu trabalho de criação começa sempre por uma desconstrução. Basicamente, eu vou “dissecando” palavras em revistas e livros, uso fotos de uso público encontradas pela internet, pinturas a dedo, aquarela, fotos e colagens de minha própria autoria, que vou digitalizando e transformando através de softwares gráficos como o Photoshop.

Não considero o que faço como pintura digital, pois não utilizo técnicas de pintura digital; eu trabalho basicamente meus originais (colagens, desenhos, pinturas), mixando com imagens que garimpo pela web e muita sobreposição de texturas e filtros, assim como ajuste de cores. Por esse motivo, eu considero o que faço como gravura digital ou infogravura, como muitos têm chamado essa forma de arte. Quando um trabalho não se “digitaliza”, temos os ATCs e as colagens, arte na qual tenho colocado toda minha vontade.

Minha temática está sempre pautada na necessidade de liberdade do homem, na fugacidade do tempo, na escolha dos caminhos. É sempre uma catarsis, uma busca e um encontro. Para percorrer tantas estradas de pensamentos e mundos distantes precisa-se de asas, precisa-se de música. Ser quase ou totalmente um pássaro; por isso, frequentemente recorro a imagens relacionadas.

Outro aspecto forte em minhas criações é a fixação que tenho por compreender o passado; meus trabalhos são repletos de fotos antigas, de sentimentos antigos. Há uma necessidade de resgate daquilo que ficou perdido em algum lugar. Texturas grungy ampliam essa sensação de quase saber o que está perdido ou escondido.
Dessa forma, o que tenho de melhor, eu divido com vocês: meu mundo mágico de imagens surrealistas e as palavras da minha mais profunda emoção. Isso sou eu e o que somos não se compreende em cursos ou com professores; não se registra em currículos; aprende-se antes com reflexão e coragem para um despertar nem sempre calmo, pacífico,mas muitas vezes cheio de conflitos.

Espero que você me acompanhe nessa viagem, onde cruzaremos fronteiras para descobrir juntos que os "mapas" nem sempre mostram o verdadeiro território livre para se explorar.



Francis Mk